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EAU 24 - Paris - Câncer de Rim | O que foi destaque e em qual direção os tratamentos avançam.

Paris, Abril de 2024

Por: Dr. Bruno Benigno - Urologista - CRM SP 126265



Câncer de Rim:


Avanços na Detecção de Carcinoma de Células Renais: A Promessa da Tomografia com Zircônio.


Em um campo onde a precisão diagnóstica é fundamental para o tratamento eficaz, a biópsia de tumores renais representa um desafio notável. O carcinoma de células renais de células claras, uma forma mais agressiva dessa patologia, destaca-se por sua complexidade e necessidade de abordagens inovadoras para sua identificação e manejo. A integração da medicina nuclear, através do uso de moléculas específicas como o CAIX9 (Anidrase carbônica), identificado por sua relação com a hipóxia tumoral, abre novas fronteiras na imagem molecular do carcinoma renal.



A descoberta do anticorpo G250, também conhecido como gerontuximab, no final dos anos 80, marcou um avanço significativo. Este anticorpo, que se liga especificamente à proteína CAIX9, presente em células tumorais hipóxicas, e sua eliminação preferencial pelo fígado, ao invés dos rins, o torna um candidato ideal para o diagnóstico e tratamento do carcinoma de células renais.


A inovação não para por aí. O uso de zircônio como conjugado radiotivo, devido à sua meia-vida adequada e eliminação hepática, complementa a eficácia do gerontuximab, permitindo a realização de PET scans altamente precisos. Estes avanços foram evidenciados em um estudo global, o "Zirconium Trial", que investigou pacientes com massas renais pequenas, com menos de 7 centímetros. Os resultados foram promissores, demonstrando uma sensibilidade de 85,5% e especificidade de 87%, traduzindo-se em um valor preditivo positivo de 93% e negativo de 75%.


A precisão desses PET scans, com uma acurácia de 86% e uma área sob a curva de 0.92, revela uma correlação direta entre a expressão de CAIX9 e a imagem PET em carcinomas de células renais claras. Ainda mais, a capacidade de identificar corretamente o câncer, mesmo em casos desafiadores, como lesões císticas, reforça a importância dessa tecnologia no diagnóstico preciso e na estratificação de risco dos pacientes.


Exemplos clínicos, como o de um homem de 42 anos e outro de 57 anos, ambos diagnosticados com carcinoma de células renais claras após PET scans positivos, ilustram o potencial transformador dessa abordagem. Esses casos sublinham a utilidade do zircônio PET scan não apenas na identificação do carcinoma, mas também na orientação das opções terapêuticas, sejam elas vigilância ativa, terapias renais ou nefrectomia parcial.


Em conclusão, os PET scans com zircônio representam um valor adicional significativo na identificação do carcinoma de células renais claras primário. A capacidade de estratificar o risco e direcionar os pacientes para as terapias mais adequadas, seja cirúrgica ou minimamente invasiva, promete não apenas melhorar os resultados clínicos, mas também abrir caminho para futuras aplicações dessa tecnologia, inclusive em cenários metastáticos.


A comunidade médica aguarda com expectativa os próximos passos dessa pesquisa, esperançosa de que esses avanços possam oferecer novas possibilidades para pacientes enfrentando essa condição desafiadora.


Nefrectomia Citorredutora na era da Imunoterapia - É vantajoso retirar o tumor do rim, mesmo quendo o paciente tem metástases?



A apresentação do dr. Bensalah, apontou para estudos recentes que sugerem que a nefrectomia citorredutora, procedimento cirúrgico que remove o rim ou parte dele, pode oferecer vantagens significativas em termos de sobrevivência para pacientes com câncer renal metastático.


Uma análise abrangendo quase 2.000 pacientes revelou que 23% dos tratados com terapia baseada em imunoterapia e que passaram por nefrectomia citorredutora apresentaram melhores taxas de sobrevivência em comparação aos que não foram submetidos ao procedimento.


Um relatório mais detalhado do consórcio IMDC, envolvendo cerca de 4.700 pacientes, dos quais 437 receberam imunoterapia, mostrou resultados ainda mais promissores. Neste grupo, mais da metade dos pacientes submetidos à nefrectomia inicial teve uma sobrevida significativamente prolongada, com média de 54 meses, contra 22 meses para aqueles que não passaram pela cirurgia inicial.


Apesar das diferenças entre os grupos, a análise estatística multivariada identificou a nefrectomia citorredutora como um fator preditivo de sobrevida prolongada.


Contudo, os estudos retrospectivos apresentam limitações e viéses conhecidos, e não são suficientes para alterar práticas médicas já estabelecidas. No entanto, indicam que pacientes selecionados podem se beneficiar significativamente da nefrectomia citorredutora.


O desafio reside em identificar esses pacientes. As classificações do IMDC, embora úteis, não foram projetadas para selecionar candidatos para cirurgia, especialmente considerando que o grupo intermediário é amplo e heterogêneo, com variados desfechos oncológicos.


Focando na análise post-hoc dos pacientes que efetivamente realizaram a nefrectomia, observa-se um benefício claro na sobrevida, especialmente entre aqueles com apenas um fator de risco IMDC, um único foco metastático e metástases apenas pulmonares – perfil que se alinha ao de muitos pacientes em tratamento atual.


Pesquisas colaborativas recentes analisaram fatores prognósticos em pacientes com câncer renal metastático que foram submetidos à cirurgia renal como primeira linha de tratamento. Sete fatores foram identificados, e, segundo cálculos realizados, pacientes sem esses fatores de risco emergem como bons candidatos para a nefrectomia citorredutora, especialmente se considerarmos um plano de vigilância pós-operatória apropriado.


O Dr. Brian Reedy foi pioneiro ao demonstrar que a opção cirúrgica é segura e pode proporcionar um longo intervalo livre de tratamentos. Por todas essas razões, a expectativa é que mais pacientes possam ser encaminhados para o centro cirúrgico após o uso de munoterapia, visando um melhor prognóstico a longo prazo.


Novas Perspectivas no Tratamento de Carcinoma Renal



Em sua apresentação, Dr. Bex apresentou dados significativos que podem alterar a abordagem terapêutica do carcinoma de células renais claras metastático. Com uma análise detalhada, baseada em sua experiência no Instituto de Câncer da Holanda, Dr. Bex trouxe à tona uma nova perspectiva sobre o momento ideal para iniciar a terapia sistêmica.


Segundo o especialista, a decisão de iniciar o tratamento não deve ser automática. Ele discutiu os efeitos colaterais diferidos, enfatizando a importância de uma avaliação criteriosa antes de prosseguir com intervenções agressivas. A análise de 40 pacientes mostrou que o tempo médio para iniciar o tratamento sistêmico após a cirurgia de nefrectomia citorredutora foi de 16 meses, um período consideravelmente mais longo do que o critério de menos de um ano desde o diagnóstico até o início da terapia sistêmica, geralmente adotado.


Os dados apresentados revelam uma progressão mediana da doença de apenas seis meses, destacando a necessidade de uma abordagem mais cautelosa. Dr. Bex apontou que, embora algumas lesões pulmonares pareçam insignificantes a princípio, a dinâmica do desenvolvimento metastático pode surpreender, com pacientes apresentando progressão rápida após procedimentos cirúrgicos.


A discussão se estendeu para o uso combinado de terapias de ponto de verificação imunológico e a possibilidade de realizar uma nefrectomia citorredutora pós o inicio da terapia sistêmica. Essa abordagem, segundo ele, poderia beneficiar significativamente os pacientes, controlando a doença antes de procedimentos cirúrgicos mais invasivos.


Além disso, Dr. Bex fez referência a estudos recentes, como os ensaios Carmena e Surtime, que compararam diferentes estratégias de tratamento em pacientes com tumores primários. Os resultados desses estudos sugerem que a terapia sistêmica inicial pode melhorar significativamente a sobrevida geral dos pacientes, uma revelação que desafia práticas anteriores baseadas em terapias mais agressivas e precoces.


Em conclusão, os insights do Dr. Bex sugerem uma mudança paradigmática no tratamento do carcinoma renal metastático, priorizando o controle da doença e a avaliação cuidadosa antes de procedimentos cirúrgicos, uma abordagem que promete não apenas prolongar a sobrevida, mas também melhorar a qualidade de vida dos pacientes. A comunidade médica, agora, aguarda mais estudos que possam corroborar essas observações preliminares e transformar as diretrizes de tratamento atuais.


🔸contato: ☎(11) 2769-3929 📱(11) 99590-1506 | whatsapp: 📲 https://bit.ly/2HCRkgt 💻 https://www.clinicauroonco.com.br/ Agenda: http://bit.ly/2WMMiCI R. Borges Lagoa 1070, Cj 52 V. Mariana - São Paulo - SP Dr. Bruno Benigno CRM SP 126265 Urologista do H. Alemão Oswaldo Cruz Uro-oncologia e Cirurgia robótica Instagram: @dr_benigno

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