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Câncer de Próstata Avançado (mCRPC): O que é o PSMA, o PET-PSMA/FDG e como funciona a terapia com Lutécio-177 (Pluvicto™)

Por: Dr. Bruno Benigno | Urologia e Cirurgia Robótica | CRM SP 126265 | RQE 60022

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Quando o câncer de próstata se espalha e deixa de responder ao bloqueio hormonal (resistência à castração), chamamos essa fase de mCRPC. Nessa etapa, os tratamentos costumam oferecer benefícios menores a cada nova linha, e muitos pacientes não chegam a usar todas as opções por progressão rápida da doença.

Nos últimos anos, a medicina nuclear trouxe uma estratégia inovadora chamada teranóstica: usamos o mesmo alvo molecular para enxergar o tumor nos exames e tratá-lo com uma molécula terapêutica. É o caso do PSMA.


Objetivo deste guia: explicar, de forma acessível, o papel do PSMA, do PET-PSMA/FDG e da terapia com Lutécio-177 (177Lu-PSMA, Pluvicto™) no mCRPC: como funciona, quem pode se beneficiar, como é aplicado, qual a eficácia e a segurança, e como está o acesso no Brasil.

1) O que é PSMA e por que ele é importante?



PSMA é uma proteína que costuma estar muito aumentada na superfície das células do câncer de próstata. Isso nos permite:


  • Diagnosticar: fazer um PET-PSMA, um exame de imagem que “acende” as áreas do corpo com alta expressão de PSMA;

  • Tratar: usar o mesmo ligante acoplado a uma partícula radioativa terapêutica (Lutécio-177), que entrega radiação diretamente nas células do tumor.


Essa dupla “ver e tratar” é chamada de teranóstica.



2) PET-PSMA e PET-FDG: por que, às vezes, pedimos os dois?



  • PET-PSMA: quando as metástases captam muito PSMA, é sinal de que a terapia com Lutécio-177 provavelmente alcançará melhor essas lesões.

  • PET-FDG: se uma lesão aparece ativa no FDG, mas não capta PSMA, indica biologia mais agressiva e menor chance de resposta ao Lutécio-177 — nesses casos, muitas vezes a quimioterapia é mais adequada.


    Em resumo: a melhor combinação para o 177Lu-PSMA é PSMA alto e FDG baixo.



3) Quando pensar em Lutécio-177 (Pluvicto™)?



De forma geral, consideramos o 177Lu-PSMA em homens com mCRPC que já usaram:


  • pelo menos um tratamento hormonal moderno (ex.: abiraterona, enzalutamida);

  • pelo menos um taxano (geralmente docetaxel; alguns cenários incluem cabazitaxel);

  • e que tenham um PET-PSMA positivo recente.



Observação: casos com lesões discordantes (FDG muito alto e PSMA baixo) tendem a não responder bem ao Lutécio-177.


Bases: recomendações de diretrizes internacionais (EAU, AUA, NCCN) e estudos clínicos publicados.


4) Como o Lutécio-177 funciona (explicação simples)


O Lutécio-177 é como uma radioterapia líquida. Ele viaja na corrente sanguínea ligado a uma “chave” que reconhece o PSMA.

Quando essa chave encontra o tumor, se encaixa, entra na célula e libera radiação (tipo beta) por dentro, danificando o DNA do tumor e reduzindo a atividade da doença.


5) Esquema prático de tratamento e acompanhamento


  • Aplicações: normalmente 6 ciclos, a cada 6 semanas (com pequena margem de ajuste).

  • Duração total: cerca de 8–9 meses.

  • Exames de controle: hemograma, função renal e hepática, além de avaliação de sintomas e PSA.

  • Imagens: podemos usar SPECT/planar pós-terapia e repetir PET-PSMA quando necessário.

  • Atenção ao “flare”: o PSA pode subir no início e só melhorar após o 2º ciclo — não é, sozinho, motivo para interromper precocemente.


6) Benefícios esperados (o que dizem os estudos)


Em estudos com pacientes previamente tratados, o 177Lu-PSMA (Pluvicto™) mostrou:


  • Redução de ~60% no risco de progressão da doença (SLP);

  • Redução de ~38% no risco de morte;

  • Queda de PSA ≥50% (PSA50) em uma parcela importante dos pacientes;

  • Melhora de sintomas e qualidade de vida relatadas com frequência.



No estudo TheraP (fase 2), comparando 177Lu-PSMA com cabazitaxel, a taxa de PSA50 foi cerca de 2,8 vezes maior com o Lutécio-177, e o risco de progressão também foi menor nas avaliações intermediárias.

Tradução prática: para muitos pacientes que já usaram bloqueios hormonais modernos e quimioterapia, o Lutécio-177 volta a controlar a doença com uma toxicidade, em geral, mais fácil de manejar do que uma nova rodada de quimioterapia.


7) Efeitos colaterais e segurança


Os eventos mais observados são, em geral, manejáveis:


  • Cansaço por 2–3 dias após a infusão;

  • Boca seca (xerostomia), que costuma aparecer após vários ciclos;

  • Queda de hemoglobina (anemia) quando há muitas metástases no osso;

  • Náusea é menos comum quando fazemos profilaxia adequada.



É possível realizar radioterapia focal para dores específicas durante o tratamento com Lutécio-177, quando indicado.



8) Logística e acesso no Brasil (o que o paciente precisa saber)


  • O radiofármaco é importado e a cadeia de suprimentos é altamente controlada.

  • Planejamento: pedimos com cerca de 3 semanas de antecedência; do consultório até a 1ª aplicação, em convênios mais ágeis, o processo leva em torno de 5 semanas.

  • Centros credenciados: nem todo serviço que faz PET está autorizado a aplicar o Pluvicto™ — encaminhamos aos centros habilitados.

  • Programas de apoio: existem iniciativas de transporte e hospedagem para o paciente e um acompanhante nos dias da aplicação e dos exames de controle.

  • Convênios: as regras variam; relatórios médicos detalhados costumam agilizar a autorização. Em alguns casos, pode haver exigência de PET-PSMA recente.



9) Perguntas frequentes (FAQ)


1. O Lutécio-177 substitui a quimioterapia?

Não necessariamente. Em muitos casos, ele entra depois do uso de ARPI e taxano (docetaxel/cabazitaxel). A ordem exata depende do histórico do paciente.


2. O PSA sempre cai?

Não em 100% dos casos. Há heterogeneidade: estimamos um grupo de não respondedores (~15%). Por isso, avaliamos PSA + sintomas + imagem ao longo do tratamento.


3. Posso piorar se precisar interromper e retomar?

Atrasos podem prejudicar — já observamos recrudescimento dos sintomas e subida do PSA com pausas prolongadas, que melhoraram ao retomar os ciclos. Buscamos manter o cronograma.


4. É perigoso para os rins ou a medula?

Monitoramos função renal e hemograma de perto. Em doença óssea extensa, a anemia é mais provável, mas costuma ser manejável.


5. Dá para “adiantar” o Lutécio-177 para fases mais precoces?

Existem estudos em andamento. Fora de protocolos, seguimos as indicações atuais e o que podemos comprovar em benefício e segurança. [PENDENTE atualizaremos quando saírem novos resultados de estudos de 1ª linha/“PSM4”]



10) Sinais de alerta: procure seu médico se…


  • Dor óssea nova ou piora intensa e persistente;

  • Fraqueza extrema, tonturas, palidez (sinais de anemia significativa);

  • Febre, calafrios ou sinais de infecção;

  • Diminuição importante da urina (alarme renal);

  • Perda de peso rápida, vômitos persistentes ou icterícia.



11) Mensagem final e próximos passos


O mCRPC continua sendo um desafio, mas a teranóstica com PSMA e a terapia com Lutécio-177 trouxeram uma nova via de controle da doença, com benefícios comprovados em progressão, sobrevida e qualidade de vida para pacientes pré-tratados. A seleção correta (PET-PSMA/FDG), o sequenciamento racional e o acesso em centros experientes fazem toda a diferença.

Como podemos ajudar:


  • Avaliação de elegibilidade (histórico terapêutico, PET-PSMA/FDG, exames laboratoriais);

  • Orientação sobre convênio e centros credenciados;

  • Planejamento do ciclo de 6 aplicações e manejo de efeitos colaterais;

  • Integração com radioterapia e equipe multiprofissional.



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Entre em contato com a Clínica Uro Onco para discutir o seu caso e entender se a terapia com Lutécio-177 é adequada para você.


Referências essenciais (para o leitor leigo)



  • Diretrizes internacionais atualizadas (EAU, AUA, NCCN) para câncer de próstata avançado.

  • Ensaios clínicos que avaliaram quimioterapia e ARPI no mCRPC (TAX-327, TROPIC, CARD, PROfound).

  • Ensaios com 177Lu-PSMA: estudo pivotal de fase 3 (Pluvicto™) e TheraP (fase 2).



Dr. Bruno Benigno | Urologia, Oncologia e Cirurgia Robótica

Clínica Uro Onco – São Paulo – SP

WhatsApp: +55 (11) 99590-1506

Instagram: @dr_benigno | LinkedIn: Dr. Bruno Benigno

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