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Foto do escritorDr. Bruno Benigno

Ultrassom Focalizado de Alta Intensidade - HIFU - no tratamento do câncer de próstata

Atualizado: 16 de abr. de 2020



A maioria dos homens que se deparam com o diagnóstico de câncer de próstata enfrentam a difícil decisão de definir a melhor forma de tratamento. A cirurgia ou radioterapia ainda são as duas principais modalidades de tratamento na atualidade. Alternativas à estes métodos vêm sendo testadas há duas décadas.


Neste sentido, métodos que utilizam frio ou calor foram desenvolvidos na tentativa de minimizar os efeitos colaterais relacionados aos procedimentos tradicionais.


A crioterapia e a terapia com ultrassom focal de alta energia, o HIFU - High Intensity Focused Ultrasound - são as duas modalidades de tratamento mais estudadas na atualidade.

A crioterapia utiliza finas agulhas introduzidas sob anestesia através da pele do períneo, destruindo o tecido da próstata com a formação de uma bola de gelo, que rompe a membrana das células do tecido normal e do câncer.


Já o ultrassom focal de alta energia (HIFU), utiliza um equipamento de ultrassom introduzido através do reto. (veja o vídeo aqui)


O dispositivo que gera imagens em tempo real da próstata e permite ao cirurgião estabelecer um plano de tratamento, disparando energia acústica para ser transformada em calor diretamente no alvo.


Ao final do tratamento o paciente é sondado através da uretra e costuma receber alta no dia seguinte.


Nos meses subsequentes a próstata passará por um processo de atrofia e absorção do tecido sem vitalidade pelas próprias células de defesa do organismo.


Este método de tratamento é possível uma vez que a próstata está localizada a pouco centímetros da parede anterior do reto, facilitando assim a aplicação da energia térmica sem a necessidade de incisões abdominais.


Ambas as estratégias descritas no parágrafo anterior necessitam uma internação hospitalar e anestesia regional ou geral para sua realização.


Até o momento nenhum estudo na literatura médica mostrou a superioridade destes dois métodos quando comparados a radioterapia e a cirurgia. Entretanto, em situações especiais estas estratégias podem ser as melhores alternativas em casos selecionados.


Abaixo detalhamos os principais pontos a favor da terapia focal assim como suas principais limitações.


A terapia focal com ultrassom de alta energia, o HIFU, é um tratamento que surgiu inicialmente na França nos anos 2000. Passou por três gerações e melhoramentos tecnológicos.


Sua versão mais recente possibilita a fusão em tempo real de imagens de ultrassom e dados de ressonância magnética da próstata, obtida previamente. Estes melhoramentos tecnológicos permitem ao cirurgião maior precisão no tratamento, assim como identificação de áreas suspeitas da doença, estruturas anatômicas que precisam ser preservadas, como os nervos da ereção e o esfíncter responsável pelo controle controle.


Basicamente existem três tipos de protocolo para tratamento de homens com câncer de próstata:


  • Tratamento da glândula como um todo (Whole Gland)

  • Tratamento de apenas um lado da glândula (hemi-ablation)

  • Tratamento focalizado em áreas com nódulos identificáveis (focal therapy)


A modalidade de tratamento com o maior nível de evidência científica é a destruição completa da próstata.


Existem diversos protocolos investigando a efetividade dos tratamentos parciais ou focalizados. Contudo, o resultados ainda não estão maduros o suficiente para comprovar a equivalência ou superioridade ao tratamento da glândula como um todo.


O tratamento com HIFU pode ser utilizado em dois cenários:


  • Tratamento inicial em homens que acabaram de descobrir a doença, cenário conhecido pelos médicos como tratamento da doença primária.

  • Tratamento da doença recorrente após o tratamento inicial com radioterapia.


É no cenário de tratamento da doença recorrente onde temos o melhor nível de evidência científica, mostrando a superioridade da terapia focal em comparação a cirurgia de resgate. Deixando claro que a superioridade do método não parece estar na maior probabilidade de cura do câncer mas sim em uma menor probabilidade de efeitos colaterais adversos, como incontinência urinária, impotência sexual e tempo de internação hospitalar.


Dessa forma, é importante ficar claro que no cenário de homens nunca tratados (doença primária) a cirurgia e a radioterapia ainda são as opções de tratamento com melhores resultados de cura e efeitos colaterais, quando comparados às terapias focais.


Até o momento (2020) não temos evidências suficientes na literatura para afirmar que a terapia focal substituirá os métodos tradicionais de tratamentos descritos acima.


É importante ter em mente, que o mais importante é a avaliação criteriosa de sua condição de saúde como um todo, aspectos da agressividade do câncer de próstata e o estágio em que doença que foi detectada.


Ter uma conversa franca e esclarecedora com a equipe médica é a principal ferramenta para entender as possibilidades de cura, assim como possíveis efeitos colaterais relacionados a cada tipo de tratamento.


Não esqueça de compartilhar com seu médico os sintomas relacionados à qualidade da micção e o grau de satisfação atual com sua vida sexual.


Na maioria das vezes, receber apoio conjunto da equipe de psicólogos e sua parceira são de grande valia para enfrentar decisões difíceis neste momento.


Uro-oncologista

CRM 126265




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