Gleason 8 tem cura? O que realmente significa ter um câncer de próstata agressivo
- Dr. Bruno Benigno
- há 12 minutos
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Por Dr. Bruno Benigno | Urologia, Oncologia e Cirurgia Robótica
Quando um homem escuta que seu câncer de próstata é um “Gleason 8”, é natural sentir medo. O número parece técnico, mas carrega um peso emocional enorme. Ele costuma ser interpretado como um “veredito” — um divisor entre a esperança e o desespero.No entanto, a verdade é mais complexa e, ao mesmo tempo, mais encorajadora: Gleason 8 não é uma sentença de morte.
O que é o escore de Gleason
O Gleason Score é uma classificação criada pelo patologista Donald Gleason nos anos 1960 e continua sendo um dos pilares da avaliação do câncer de próstata até hoje.Ele mede o grau de agressividade das células cancerígenas, observando como elas se organizam ao microscópio.
O escore é a soma de dois números, cada um representando um padrão de crescimento tumoral:
O primeiro número indica o padrão predominante (mais comum no tecido analisado).
O segundo número representa o segundo padrão mais frequente.
Por exemplo:
Um tumor 3 + 3 = Gleason 6 é de baixo risco.
Um 3 + 4 = Gleason 7 é intermediário.
Já um 4 + 4 = Gleason 8 (ou 4 + 5 / 5 + 4) é considerado de alto grau, o que significa que as células estão mais desorganizadas e tendem a se multiplicar com mais rapidez.
Mas essa classificação não indica o estágio da doença — ou seja, não mostra se o câncer se espalhou.E é justamente aqui que muitos se confundem: um Gleason 8 localizado, restrito à próstata, pode sim ter cura completa.
A importância do estágio e do PSA
Para definir o melhor tratamento e as chances de cura, o médico precisa considerar outros fatores além do Gleason:
Estágio clínico: avaliado por exames de imagem como ressonância multiparamétrica, PET-PSMA e tomografia. Quando o tumor está confinado à próstata, as chances de cura ultrapassam 60% em 10 anos, segundo as diretrizes da EAU 2025 e da NCCN 2024.
Nível de PSA: valores muito altos podem indicar maior volume tumoral ou disseminação microscópica.
Número de fragmentos positivos na biópsia: quanto mais áreas comprometidas, maior o risco.
Idade e estado geral do paciente: fatores como doenças cardíacas, diabetes e uso de medicações influenciam a decisão terapêutica.
Esses dados formam um perfil individual de risco, usado para planejar o tratamento de forma personalizada.
Tratamentos com intenção curativa
O câncer de próstata Gleason 8 localizado pode ser tratado com intenção curativa — e as opções mais eficazes envolvem alta tecnologia e experiência médica.
Cirurgia robótica (prostatectomia radical robótica)A técnica robótica oferece uma visão ampliada e precisão milimétrica, permitindo a retirada completa da próstata e, em muitos casos, a preservação dos nervos responsáveis pela ereção e pelo controle urinário.
Vantagens: menor sangramento, recuperação mais rápida, menor dor e melhor visualização das estruturas.
Indicação: homens com boa condição clínica e desejo de abordagem cirúrgica curativa.
Radioterapia com modulação de intensidade (IMRT ou SBRT)Outra alternativa eficaz é a radioterapia de alta precisão, que utiliza feixes de radiação concentrados sobre a próstata, poupando os tecidos vizinhos.Em alguns casos, associa-se bloqueio hormonal temporário para potencializar os resultados.
Terapia hormonal (bloqueio androgênico total)Pode ser usada de forma complementar (adjuvante) à cirurgia ou à radioterapia, ou isoladamente quando o paciente não pode ser operado.
As três abordagens têm evidências sólidas em literatura médica recente, e a escolha deve ser individualizada, considerando o perfil clínico, o estágio e as preferências do paciente.
Expectativas e acompanhamento
Após o tratamento, o acompanhamento é fundamental.O PSA torna-se o principal marcador de controle. Após a cirurgia, espera-se que ele caia para níveis indetectáveis (<0,03 ng/mL).Se houver qualquer elevação, investiga-se precocemente com PET-PSMA, uma tecnologia capaz de detectar focos mínimos de recidiva antes que se tornem clinicamente visíveis.
Mesmo em casos de recidiva, novas terapias — como ablação por radiofrequência, radioterapia de resgate e bloqueio hormonal de nova geração — podem oferecer controle prolongado da doença e qualidade de vida preservada.
Qual é a chance real de cura?
Depende do momento do diagnóstico.Estudos recentes mostram que:
60 a 70% dos pacientes com Gleason 8 localizado permanecem livres de doença após 10 anos, quando tratados em centros especializados.
Quando o câncer já ultrapassa a cápsula prostática ou atinge os linfonodos, o tratamento pode não ser curativo, mas ainda é possível controlar a doença por muitos anos com terapias combinadas.
Em outras palavras: tempo é fator decisivo. Quanto antes o diagnóstico e o início do tratamento, maior a chance de cura.
Mensagem final
Um diagnóstico de Gleason 8 exige atenção, mas não desesperança.A medicina evoluiu — e hoje é possível tratar com precisão, segurança e preservação funcional.A escolha certa começa com informação, diálogo e uma equipe experiente.
Na Clínica Uro Onco, em São Paulo, unimos tecnologia robótica, diretrizes internacionais e acompanhamento individualizado para oferecer o que há de mais avançado no tratamento do câncer de próstata.
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Dr. Bruno Benigno | Urologista | CRM SP 126265 | RQE 60022
Equipe da Clínica Uro Onco - São Paulo - SP
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