Terapia com Radioligantes no Câncer de Próstata: O Que os Pacientes Precisam Saber
- Dr. Bruno Benigno
- 21 de set.
- 5 min de leitura

Radioligantes no Câncer de Próstata: Como a Medicina de Precisão Está Transformando o Tratamento
Nos últimos anos, o tratamento do câncer de próstata avançado passou por uma verdadeira revolução. Além das terapias hormonais e da quimioterapia, surgiu uma nova arma contra a doença: os radioligantes, medicamentos que unem tecnologia de diagnóstico e tratamento em um mesmo recurso.
Muitos pacientes têm dúvidas sobre essa novidade: como funciona? Quem pode receber? Vale a pena insistir quando já tentei vários tratamentos? Neste artigo, explico os principais pontos discutidos em congressos internacionais e na experiência prática no Brasil, de forma clara e didática.
O que são radioligantes?
Radioligantes são medicamentos que combinam duas funções em uma única molécula:
Localizar as células do câncer de próstata – por meio de uma proteína chamada PSMA (antígeno de membrana específico da próstata), presente em grande quantidade nas células tumorais.
Tratar o câncer – o radioligante carrega uma pequena carga de radiação, que é liberada diretamente na célula doente, destruindo-a sem causar grandes danos aos tecidos vizinhos.
Essa abordagem é chamada de teranóstico: primeiro, a mesma molécula é usada em exames de imagem (PET-PSMA) para identificar se o tumor expressa o alvo; depois, se o resultado for positivo, aplica-se a versão terapêutica, com radiação acoplada.
É como usar um “GPS” que mostra onde o câncer está e, em seguida, enviar uma “bala de precisão” para combatê-lo.

Em quais situações pode ser indicado?
Atualmente, no Brasil, a terapia com radioligantes está indicada principalmente para pacientes com:
Câncer de próstata metastático resistente à castração (mCRPC), ou seja, quando o tumor continua progredindo apesar do bloqueio hormonal.
Pacientes que já passaram por terapia hormonal avançada e quimioterapia.
Resultados positivos no exame PET-PSMA, confirmando que as células tumorais têm a proteína necessária para o tratamento funcionar.
Em países como os Estados Unidos, a indicação já se expandiu para antes da quimioterapia, mostrando a tendência de uso mais precoce no futuro.
Quais são os benefícios?
Os grandes estudos internacionais, como o VISION e o TheraP, mostraram resultados animadores:
Maior controle da doença – queda significativa dos níveis de PSA e estabilização do crescimento das metástases.
Sobrevida prolongada – pacientes que receberam o radioligante viveram mais tempo do que aqueles em tratamento padrão.
Melhora da qualidade de vida – muitos relataram redução das dores ósseas, melhora no sono, maior mobilidade e até abandono de cadeiras de rodas.
Um exemplo prático foi relatado em congresso: um paciente com doença muito avançada, que havia passado meses internado, voltou a andar e retomar atividades após alguns ciclos do tratamento com Pluvicto™ (Lu-177-PSMA-617).

Efeitos colaterais
Assim como qualquer tratamento oncológico, a terapia com radioligantes pode causar efeitos adversos. Os mais comuns são:
Fadiga (cansaço).
Anemia e queda das plaquetas, devido ao impacto temporário na medula óssea.
Boca seca, causada pela captação da medicação nas glândulas salivares.
Náuseas leves, geralmente de curta duração.
Na maioria dos casos, os sintomas são leves ou moderados e podem ser controlados com acompanhamento médico próximo. Em centros especializados, existe uma equipe multiprofissional (médicos, enfermeiros navegadores, nutricionistas) pronta para monitorar cada detalhe.
O papel da equipe multidisciplinar
Um dos grandes aprendizados dessa nova era é que ninguém trata o câncer de próstata sozinho.
O urologista continua sendo a porta de entrada, acompanhando o paciente desde o diagnóstico inicial e ao longo de toda a jornada.
O oncologista clínico coordena a sequência dos tratamentos sistêmicos (hormonais, quimioterapia, radioligantes).
O médico nuclear é responsável por aplicar o radioligante, interpretar os exames e ajustar doses.
A enfermagem de navegação ajuda a organizar os exames, monitorar os sintomas e reduzir barreiras burocráticas.
Essa integração é fundamental para evitar atrasos, ajustar o melhor momento da terapia e garantir que o paciente tenha segurança em todas as etapas.
O cenário no Brasil
A chegada do Pluvicto™ ao país trouxe esperança, mas também desafios:
O acesso ainda pode ser limitado, variando entre diferentes centros e convênios.
A autorização dos planos de saúde pode levar semanas, atrasando o início do tratamento.
Em alguns casos, são necessárias estratégias de “ponte” (como usar temporariamente outra medicação) até a chegada do radioligante.
Por outro lado, o número de centros habilitados tem crescido, e novas políticas estão sendo discutidas para encurtar prazos e ampliar a cobertura.
O futuro dos radioligantes
O que esperar nos próximos anos?
Uso mais precoce: estudos como o PSMA-4 mostraram que os radioligantes também são eficazes antes da quimioterapia.
Combinações terapêuticas: pesquisas testam a associação do lutécio-PSMA com medicamentos hormonais, quimioterapia, inibidores de PARP e até imunoterapia.
Novos emissores de radiação: além do lutécio (β), moléculas com actínio (α) estão em avaliação, possivelmente mais potentes em destruir células tumorais resistentes.
Abordagens personalizadas: exames genômicos e biomarcadores podem ajudar a indicar qual paciente terá maior benefício.
O que o paciente deve fazer?
Se você ou um familiar está em acompanhamento por câncer de próstata, algumas perguntas podem guiar sua próxima consulta:
Já fiz um PET-PSMA? Sou elegível para radioligantes?
Quais são os riscos e benefícios do tratamento no meu caso específico?
Como está a logística de acesso ao Pluvicto™ no meu convênio?
Existe possibilidade de combinar ou antecipar a terapia em meu estágio da doença?
Conclusão
Os radioligantes representam um marco na luta contra o câncer de próstata. Eles não são uma cura definitiva, mas oferecem esperança real de mais tempo de vida com qualidade, menos dor e mais autonomia.
O futuro aponta para um uso cada vez mais integrado e precoce, com múltiplas combinações capazes de personalizar o cuidado. Por isso, manter-se informado e discutir essas opções com sua equipe médica é essencial.
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Dr. Bruno Benigno | Urologista | CRM SP 126265 | RQE 60022
Equipe da Clínica Uro Onco - São Paulo - SP
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