O Futuro da Cirurgia: Como a IA e a "Ômica" Estão Redefinindo o Tratamento do Câncer Urológico
- Dr. Bruno Benigno

- 9 de dez.
- 5 min de leitura
Reportagem Especial | Nova Iorque | Dezembro de 2025
A medicina moderna está atravessando a fronteira da ficção científica. Durante o 7º Simpósio Anual de Uro-Oncologia do Hospital Mount Sinai, realizado recentemente em Nova Iorque, as cortinas foram abertas para revelar como será a próxima década no tratamento dos cânceres de próstata, rim e bexiga.

O Dr. Bruno Benigno, urologista e oncologista presente no evento, relatou uma mudança de paradigma fundamental: a convergência da capacidade cirúrgica humana com a precisão da inteligência artificial (IA) e a profundidade da análise molecular. Não se trata mais apenas de remover um tumor; trata-se de prever o futuro biológico do paciente.

1. A Era da "Ômica" e os Gêmeos Digitais
O conceito central debatido no simpósio foi a integração de dados. A medicina tradicional olhava para exames de imagem e biópsias isoladamente. A nova medicina baseia-se na "Ômica" — a fusão de Genômica (DNA), Proteômica (proteínas), Radiômica (imagens) e Patologia Digital.
Desta fusão nasce a tecnologia mais promissora e futurista apresentada: os Gêmeos Digitais (Digital Twins).

O Paciente Virtual
Imagine criar uma cópia virtual exata da sua biologia dentro de um computador. Este "gêmeo" é alimentado em tempo real por dados do paciente, desde exames clínicos até informações colhidas por wearables (relógios inteligentes que medem sono, batimentos e oxigenação).
"A ideia é que o 'gêmeo digital' seja a cobaia, não o paciente," explica o Dr. Benigno. Antes de realizar uma cirurgia complexa ou iniciar uma quimioterapia agressiva, os médicos poderão testar o tratamento no modelo virtual para prever a resposta do organismo e os possíveis efeitos colaterais, personalizando a medicina ao nível individual.
IA Salvando Vidas na Enfermaria
Enquanto os gêmeos digitais são o futuro próximo, a IA já atua no presente. O Hospital Mount Sinai apresentou um algoritmo que monitora continuamente os sinais vitais dos pacientes internados. O sistema consegue prever episódios de septicemia (infecção generalizada) com até 36 horas de antecedência aos sintomas visíveis. O resultado prático foi uma redução de 40% na mortalidade por sepse na instituição.
2. Robótica: A Evolução das Plataformas
A cirurgia robótica já é uma realidade, mas a discussão agora se refina para a escolha da "ferramenta certa para o trabalho certo". O debate Single Port vs. Multiport dominou as sessões cirúrgicas.
Multiport (Múltiplos Portais): A plataforma padrão (como o Da Vinci Xi), onde 4 a 5 braços robóticos entram por incisões diferentes. É ideal para cirurgias que exigem grande movimentação e "triangulação" dentro do abdômen.
Single Port (Portal Único): A nova fronteira (Da Vinci SP). O robô entra por uma única incisão de 2,5 cm.
Por que o Single Port muda o jogo?
Segundo o Dr. Benigno, esta tecnologia permite acessos antes impossíveis. É possível operar a próstata sem entrar na cavidade abdominal (acesso extraperitoneal), evitando contato com o intestino. Mais impressionante ainda é a abordagem transvesical: o robô entra diretamente na bexiga para remover tumores ou a próstata, permitindo que o paciente vá para casa no mesmo dia, sem cortes externos significativos e com recuperação ultrarápida. É a solução ideal para o chamado "abdômen hostil" (pacientes com muitas cirurgias anteriores e aderências internas).

3. Realidade Aumentada e Patologia em Tempo Real
Outra inovação apresentada foi o uso de realidade aumentada durante a cirurgia. Plataformas como o IRIS permitem que o cirurgião veja, no console do robô, um modelo 3D do órgão do paciente sobreposto à imagem real.
Isso funciona como um "GPS" interno, mostrando exatamente onde estão as artérias e onde termina o tumor, crucial para cirurgias de preservação de órgãos, como na nefrectomia parcial (retirada apenas do tumor renal, preservando o rim).
Além disso, a Patologia Digital está eliminando a espera angustiante pelos resultados de biópsias. Novos scanners permitem que o patologista analise as margens do tumor removido durante a cirurgia, com nível de detalhe microscópico digitalizado. Se houver célula cancerígena na borda, o cirurgião remove mais tecido imediatamente, evitando reoperações.
4. Avanços Específicos por Doença
Câncer de Próstata: Preservação Funcional
A prioridade mudou da simples "cura" para a "cura com qualidade de vida".
Terapia Focal: Para tumores pequenos e localizados, discute-se tratar apenas a lesão (como uma "lumpectomia" na mama), preservando o restante da próstata.
Tractografia Neurovascular: Uso de ressonância magnética avançada e IA para desenhar o trajeto dos nervos da ereção antes da cirurgia, projetando essa imagem sobre o campo operatório para evitar lesões acidentais.

Câncer de Bexiga e Rim: Menos é Mais
A tendência é a preservação de órgãos.
Bexiga: O uso de testes genéticos na urina e no tumor ajuda a decidir quem precisa remover a bexiga (cistectomia) e quem pode ser tratado com o "Tripé" (raspagem do tumor + rádio + quimioterapia), mantendo o órgão.
Rim: O limite da cirurgia parcial foi estendido. Com o auxílio da robótica, tumores maiores e mais complexos são removidos sem sacrificar o rim inteiro.
5. A Biologia por Trás do Câncer: Hipóxia e Metabolismo
No campo da ciência básica, os pesquisadores focaram na Hipóxia Tumoral. Os tumores criam ambientes com pouco oxigênio para se protegerem do sistema imunológico. Uma proteína chamada HIF (Fator Induzível por Hipóxia) é a chave dessa defesa.
Novas drogas estão sendo testadas para degradar o HIF. Ao "quebrar" essa defesa, o tumor perde a capacidade de criar vasos sanguíneos e fica vulnerável, potencializando o efeito da imunoterapia.

"Metabooncologia": O Estilo de Vida como Tratamento
Pesquisadores de Harvard trouxeram dados contundentes: a obesidade deve ser tratada como uma "doença do tecido adiposo". A gordura visceral gera inflamação crônica e resistência à insulina, fatores que alteram a genética celular e promovem o câncer.
Protocolos de exercício físico e jejum intermitente deixaram de ser apenas recomendações de "bem-estar" para se tornarem prescrições médicas oncológicas, visando reduzir a insulina circulante e "matar o tumor de fome".
Conclusão
O congresso em Nova Iorque deixou claro que a era do tratamento "tamanho único" acabou. O futuro da Uro-Oncologia é granular, digital e profundamente personalizado.
Como resumiu o Dr. Bruno Benigno: "A inteligência artificial não vai substituir o médico. Mas o médico que utiliza inteligência artificial, inevitavelmente, substituirá aquele que não a utiliza."
Baseado na cobertura do 7º Simpósio Anual de Uro-Oncologia do Hospital Mount Sinai.
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Dr. Bruno Benigno | Urologista | CRM SP 126265 | RQE 60022
Equipe da Clínica Uro Onco - São Paulo - SP








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