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O futuro do câncer de próstata já começou – e está mais próximo do que você imagina


Por Dr. Bruno Benigno | Uro- oncologia e Cirurgia Robótica


Você aceitaria passar por uma cirurgia radical sem sequer realizar uma biópsia?

Parece provocativo, mas essa foi apenas uma das muitas discussões transformadoras que presenciei no Congresso sobre Avanços em Câncer de Próstata e Novas Tecnologias, realizado em Brasília — um evento que promete redefinir a forma como diagnosticamos e tratamos essa doença que afeta milhões de homens ao redor do mundo.

Organizado com apoio da Johnson & Johnson, o encontro reuniu os maiores especialistas do Brasil e do exterior, promovendo um diálogo aberto, multidisciplinar e, sobretudo, baseado em ciência de ponta. Tive a honra de participar como observador ativo, trazendo para você — leitor, paciente ou colega médico — um panorama fiel, envolvente e educativo dos principais debates que vivenciamos juntos.


O Fim da Biópsia? Um Novo Paradigma Se Anuncia


A proposta de indicar uma prostatectomia radical sem biópsia prévia, apenas com base em imagens altamente suspeitas na ressonância magnética multiparamétrica e PET-PSMA, dividiu opiniões, mas não deixou dúvidas: estamos avançando para uma medicina cada vez mais personalizada e centrada em dados de imagem de altíssima acurácia.


Apresentei e discuti casos reais de pacientes com lesões PI-RADS 5 e SUVs elevados (acima de 10), nos quais a chance de não ser câncer clinicamente significativo é, estatisticamente, quase nula. Nesses casos, realizar uma biópsia poderia apenas atrasar o tratamento e expor o paciente a riscos desnecessários — como infecções, sangramentos e desconforto psicológico.


Esse novo modelo exige um tripé fundamental:


  • Imagens de altíssima qualidade (PET-RM com PSMA);

  • Equipe multidisciplinar com expertise em análise integrada;

  • Transparência e alinhamento com o paciente.



O futuro? Cirurgias e terapias focais baseadas em diagnósticos radiológicos altamente específicos, com validação contínua da segurança oncológica dessa abordagem.



A Inteligência Artificial Entra em Campo


Um dos pontos altos do congresso foi a apresentação do Dr. Ronaldo Baroni, radiologista do Hospital Israelita Albert Einstein, que mostrou como a inteligência artificial (IA) aplicada à ressonância magnética da próstata já supera, em muitos casos, a performance de radiologistas humanos não especializados.


Mais impressionante: o algoritmo desenvolvido no próprio Einstein, com patente já licenciada para a GE, alcançou uma curva ROC de 0,87, sendo atualmente utilizado para auxiliar na detecção automática de tumores clinicamente significativos.

Isso significa que, em breve, os laudos de imagem da próstata terão o reforço de sistemas inteligentes que aprendem com cada caso, tornando o diagnóstico mais rápido, preciso e acessível. Um salto de eficiência e qualidade que pode beneficiar desde grandes centros privados até sistemas públicos, onde a escassez de profissionais especializados ainda é um desafio.



Ressonância Antes da Biópsia: O Novo Normal


Com base em evidências de meta-análises e guidelines internacionais, o novo padrão-ouro para investigação de câncer de próstata passa a ser:


PSA alterado ➝ Ressonância multiparamétrica ➝ Biópsia com fusão de imagens (apenas se indicado)

Essa estratégia reduz em até 50% o número de biópsias desnecessárias, aumenta a taxa de detecção de tumores significativos e evita o diagnóstico de lesões indolentes que apenas geram ansiedade e tratamentos desnecessários.


Os dados do PROMIS Trial (Lancet, 2017), estudos populacionais europeus e experiências nacionais como a do Einstein corroboram essa mudança.


No consultório, o impacto é direto: pacientes passam a confiar mais no processo diagnóstico, com menos dor, menos riscos e maior clareza nas decisões.


Na Parte 2, abordarei os avanços no conceito de vigilância ativa, terapia focal e uso de testes genéticos (como o Decipher) para individualizar ainda mais as decisões clínicas — incluindo dados de vida real que mostram como estamos supertratando pacientes de baixo risco e negligenciando opções menos invasivas.


Se você tem dúvidas sobre seu caso ou quer entender se está recebendo o tratamento ideal, entre em contato com minha equipe. Estamos aqui para oferecer não apenas uma opinião, mas uma estratégia de cuidado baseada em ciência, tecnologia e empatia.


Parte 2 — O Fim do Supertratamento? Vigilância Ativa, Terapia Focal e o Papel dos Testes Genéticos no Câncer de Próstata


Você sabia que a maioria dos homens diagnosticados com câncer de próstata de baixo risco não precisaria ser operada ou fazer radioterapia?

Apesar disso, milhares ainda são submetidos a tratamentos radicais, com impactos permanentes na função urinária e sexual. Por quê?


No congresso de Brasília, abordamos de forma direta e crítica o que tem sido chamado de “epidemia silenciosa de supertratamento” — e como a vigilância ativa, a terapia focal e os biomarcadores genéticos podem ser a chave para uma medicina mais equilibrada, eficaz e humana.


Vigilância Ativa: A Escolha Inteligente para Casos Selecionados


A vigilância ativa foi apontada por todos os guidelines — americanos, europeus e brasileiros — como a estratégia preferencial para pacientes com câncer de próstata de risco muito baixo, baixo e, em alguns casos, risco intermediário favorável.

Mas a realidade no Brasil é outra: em muitas regiões, menos de 50% desses pacientes recebem essa recomendação. Muitos ainda são direcionados à cirurgia ou radioterapia de forma automática, sem considerar seus desejos, idade, comorbidades ou o comportamento real do tumor.


Durante minha participação no evento, enfatizei:


  • Sobrevida câncer-específica de quase 100% nos principais estudos de longo prazo para vigilância ativa.

  • Melhor qualidade de vida, com preservação da função urinária, intestinal e sexual.

  • Taxa de progressão real em 5 anos inferior a 30%, o que reforça que monitorar pode ser tão seguro quanto tratar — desde que bem feito.


Como Fazer uma Vigilância Ativa de Qualidade?


Esse é o ponto-chave. Não basta apenas “acompanhar”. É preciso seguir critérios rigorosos de seleção e controle:


  • Biópsia confirmatória de qualidade, preferencialmente por via transperineal e com revisão por patologista especializado.

  • Ressonância multiparamétrica com laudo estruturado (usando a escala PRECISE, não apenas PI-RADS).

  • Exames genéticos, como o teste Decipher, que ajudam a prever risco de progressão mesmo em tumores aparentemente indolentes.



Apresentei dados do nosso serviço e de centros internacionais mostrando que pacientes com Decipher baixo (<0,2) têm excelente evolução, mesmo quando apresentam fatores clínicos de risco intermediário. Isso nos permite oferecer vigilância ativa com mais segurança e personalização.


Terapia Focal: Um Meio-Termo Promissor


Se a vigilância ativa representa o “esperar com segurança” e a cirurgia o “tratar com radicalidade”, a terapia focal surge como uma terceira via — moderna, minimamente invasiva e altamente direcionada.


Apesar de ainda considerada experimental pelas diretrizes, a terapia focal tem ganhado espaço, especialmente em:


  • Casos unilaterais, com lesão índice bem delimitada;

  • Pacientes com contraindicações ou recusa ao tratamento radical;

  • Cenários de resgate após falha da radioterapia.



Tecnologias como HIFU (ultrassom focal de alta intensidade), IRE (eletroporação irreversível) e crioterapia foram amplamente discutidas, com destaque para sua menor morbidade e a possibilidade de preservar a próstata em parte ou quase totalmente, sem comprometer o controle da doença em casos bem selecionados.

Biomarcadores Genéticos: Decipher, PHI, 4Kscore e Mais


Outro ponto alto do evento foi a consolidação dos biomarcadores genéticos como aliados indispensáveis na tomada de decisão moderna.


Destaquei o uso do Decipher, atualmente o teste com maior respaldo clínico e disponível no Brasil, com estudos mostrando que:


  • Pacientes com Decipher baixo têm menor risco de progressão, invasão extracapsular ou recorrência bioquímica.

  • Em tumores Gleason 3+4, o teste ajuda a separar aqueles que podem ser seguidos com segurança dos que precisam de intervenção.

  • Associado à imagem e aos dados clínicos, o Decipher cria uma camada extra de confiança para médicos e pacientes.



Além dele, ferramentas como o PHI (Prostate Health Index) e o 4Kscore oferecem avaliações quantitativas de risco de câncer clinicamente significativo, ajudando a decidir se a biópsia é realmente necessária ou se pode ser postergada.


A Decisão Ideal é Sempre Personalizada


Mais do que números, o que ficou claro em todas as sessões foi que a decisão ideal para cada paciente nasce da convergência entre ciência, imagem de qualidade, biomarcadores e escuta ativa.


Não se trata de padronizar — mas de individualizar. Evitar cirurgias desnecessárias não significa ser negligente, e optar por operar com base apenas em imagem não é irresponsável — desde que os critérios sejam claros, os riscos transparentes e o acompanhamento rigoroso.

Na Parte 3, vamos explorar o futuro do câncer de próstata na era da inteligência artificial, com destaque para algoritmos que já superam humanos em detecção de tumores, e como isso pode democratizar o rastreamento precoce em larga escala — inclusive no SUS.


Quer entender se o seu caso se encaixa em uma dessas abordagens modernas e seguras? Agende uma conversa com minha equipe. O conhecimento é o seu maior aliado na luta contra o câncer.


Parte 3 — O Futuro Já Começou: Inteligência Artificial, Diagnóstico por Imagem e o Novo Modelo de Cuidado no Câncer de Próstata



Você confiaria seu diagnóstico a um algoritmo?

E se eu lhe dissesse que, em muitos casos, a inteligência artificial (IA) já está detectando câncer de próstata com mais precisão do que médicos experientes?


Esse foi o tom surpreendente — e ao mesmo tempo promissor — de uma das sessões mais comentadas do Congresso sobre Avanços em Câncer de Próstata e Novas Tecnologias. O impacto da IA na medicina já é real, palpável e, mais importante: acessível. O que vimos no evento não foi um exercício de futurologia, mas sim uma radiografia do presente.



IA na Radiologia: Uma Revolução Silenciosa e Precisa

O Dr. Ronaldo Baroni, do Hospital Israelita Albert Einstein, apresentou os resultados do algoritmo desenvolvido pelo seu grupo para detecção automática de tumores prostáticos em exames de ressonância magnética multiparamétrica. O sistema, hoje licenciado pela GE, atingiu uma curva ROC de 0,87, o que o coloca entre os melhores do mundo.


Mas o que isso significa na prática?

• Maior sensibilidade para tumores clinicamente significativos (aqueles que realmente precisam ser tratados);

• Menor dependência da experiência individual do radiologista, reduzindo desigualdades entre serviços;

• Mais confiança para urologistas e oncologistas, especialmente em regiões com acesso limitado a especialistas em imagem prostática.


Segundo o Dr. Baroni, quando comparado a radiologistas que não fazem parte de discussões multidisciplinares, o algoritmo foi superior. Em contextos de tumor board, houve empate técnico — o que mostra que a IA não substitui o especialista, mas o potencializa.



Ressonância Multiparamétrica e Rastreamento Populacional: É Possível no Brasil?


Outro tema fascinante: a possibilidade de usar ressonância de próstata como ferramenta de rastreamento em larga escala. Parece inviável à primeira vista — mas os dados surpreendem.

• O Brasil possui mais de 3.000 aparelhos de ressonância magnética, número proporcionalmente superior ao de países como Holanda e Austrália.

• O maior gargalo está no acesso via SUS, onde apenas cerca de metade dessas máquinas está disponível.

• A proposta dos pesquisadores é a adoção de uma ressonância simplificada (biparamétrica), sem contraste e sem bobina endorretal, com custo estimado de US$ 100.


Esse modelo já está sendo testado em ensaios clínicos europeus, como o estudo 3G Trial, com o objetivo de integrar a ressonância à triagem inicial, mesmo antes do PSA.


Se bem implementado, esse sistema poderia evitar biópsias desnecessárias em até 50% dos casos, reduzir custos hospitalares com tratamentos e — mais importante — salvar vidas por meio do diagnóstico precoce e preciso.

O Fim da Era da Biópsia? Um Caminho em Construção


Como discutimos nas partes anteriores, a proposta de prostatectomia sem biópsia baseia-se em achados de imagem extremamente sugestivos (lesões PI-RADS 5 + SUV elevados no PET-PSMA). O valor preditivo positivo nesses cenários pode chegar a 100%, segundo séries recentes.


Mas, como bem pontuado no congresso:

• Essa não será uma opção para todos;

• O paciente precisa estar plenamente informado, com termo de consentimento claro;

• A decisão depende de múltiplos fatores, como idade, expectativa de vida, comorbidades, acesso a exames de alta qualidade e desejo pessoal.


A ideia não é abolir a biópsia, mas reservá-la para onde ela realmente agrega valor clínico. O paciente não é um número: ele precisa de personalização.

Terapias de Precisão: Combinando Imagem, Genética e Inteligência Artificial


Estamos diante de uma nova forma de pensar o câncer de próstata. O modelo anterior, baseado em categorias amplas de risco, dá lugar a uma medicina de precisão, que integra:

• Imagens de altíssima definição e interpretação por IA;

• Testes genéticos como o Decipher, PHI e 4Kscore;

• Condutas menos invasivas quando possível, mais assertivas quando necessário.


Esse ecossistema só é possível com colaboração entre especialistas. E foi exatamente isso que presenciei no evento: radiologistas, urologistas, oncologistas, médicos nucleares e cientistas trabalhando lado a lado, debatendo, questionando e, acima de tudo, aprendendo juntos.


O Que Isso Significa Para Você, Paciente?


Se você ou alguém da sua família está lidando com um diagnóstico de câncer de próstata ou investigando um PSA alterado, saiba que as opções são hoje mais seguras, modernas e personalizadas do que nunca.


Você não precisa escolher entre esperar passivamente ou ser submetido a uma cirurgia radical. Existe um espectro de condutas — da vigilância ativa à terapia focal, do rastreamento por imagem à integração de biomarcadores — que permitem escolher com ciência, e não com medo.



Conclusão: A Nova Urologia Está em Curso. E Estamos Preparados Para Ela.


A mensagem final do congresso foi clara: a inovação não é uma ameaça, é uma oportunidade. A tecnologia não substitui o médico, ela amplia sua capacidade de cuidar com precisão, empatia e segurança.


Na minha prática diária, já incorporamos muitos desses avanços. Mas o mais importante é que cada paciente continue sendo único — e que cada decisão seja tomada a partir do diálogo, do conhecimento e da confiança mútua.


Quer entender como a inteligência artificial, os exames mais modernos e os testes genéticos podem beneficiar o seu caso específico? Fale com nossa equipe. Vamos construir juntos a melhor estratégia para a sua saúde.


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Dr. Bruno Benigno | Urologista | CRM SP 126265 | RQE 60022

Equipe da Clínica Uro Onco - São Paulo - SP


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