Nova Era no Tratamento do Câncer Urológico: Menos Tóxico, Mais Eficaz
- Dr. Bruno Benigno
- 11 de jun.
- 4 min de leitura
Você ou alguém próximo foi diagnosticado com câncer de próstata ou bexiga?
Os tratamentos estão mudando rapidamente. Inteligência artificial, exames genéticos e terapias de precisão estão remodelando a forma como enfrentamos esses tumores. Direto do maior congresso mundial de oncologia (ASCO 2025), trago uma análise crítica do que realmente pode beneficiar você — com menos efeitos colaterais e mais chance de controle da doença.
Radioterapia, Inteligência Artificial e Terapias Alvo: O que realmente muda após o ASCO 2025?
Por Dr. Bruno Benigno | Médico urologista e especialista em câncer urológico
Glossário Rápido — Entenda os Termos Médicos Utilizados:
Radioterapia ablativa (SBRT): técnica que usa altas doses de radiação, de forma precisa, para eliminar pequenas áreas com câncer.
Bloqueio hormonal (ADT): tratamento que reduz ou bloqueia os hormônios masculinos (testosterona) que alimentam o crescimento do câncer de próstata.
Abiraterona / Apalutamida / Niraparibe: medicamentos usados no controle do câncer de próstata, com diferentes mecanismos de ação.
PSA (antígeno prostático específico): exame de sangue que monitora o câncer de próstata.
PET-PSMA: exame de imagem avançado que detecta pequenas áreas de câncer de próstata no corpo.
Lutécio-PSMA: medicamento radioativo que leva radiação diretamente às células do câncer.
PARP inibidores (ex: Niraparibe): classe de medicamentos que atuam sobre células tumorais com mutações genéticas específicas.
BRCA1/BRCA2: genes envolvidos no reparo do DNA; suas mutações aumentam o risco de vários cânceres.
ctDNA: fragmentos de DNA tumoral circulando no sangue; funcionam como marcadores para detecção precoce da doença.
Análise Crítica dos Avanços na Uro-Oncologia Pós-ASCO 2025
Nos últimos anos, a prática médica na oncologia urológica tem avançado de forma notável. E esse movimento ficou evidente no painel “Avanços Pós-ASCO em Uro-Oncologia”, que contou com a participação de especialistas em urologia, oncologia clínica, radioterapia e biologia molecular — entre os quais tive a honra de contribuir com uma visão integrada da prática clínica e das tendências de futuro.
O cenário apresentado reforça um ponto essencial: estamos migrando de tratamentos padronizados para estratégias altamente personalizadas, com foco em eficácia, menos toxicidade e melhor qualidade de vida.
1. Radioterapia Precisa para Doença Oligometastática
O estudo MetaCure avaliou o uso de radioterapia ablativa (SBRT) associada a bloqueios hormonais intensificados em pacientes com até três lesões metastáticas detectadas por PET-PSMA. Os resultados impressionam: mais de 80% dos pacientes alcançaram níveis indetectáveis de PSA após 12 meses.
A toxicidade foi muito baixa, e a recuperação hormonal (nível de testosterona) ocorreu em média após 3 a 5 meses — mais rápido do que em estudos anteriores.
Implicações práticas: ainda não muda o padrão de tratamento, mas é um passo importante rumo a abordagens mais curtas e menos agressivas.
2. Inteligência Artificial na Decisão Terapêutica
O projeto Artera/Stampede aplicou algoritmos de IA para estratificar pacientes com câncer de próstata de alto risco e prever quem se beneficiaria da adição de abiraterona ao tratamento.
Nos 25% com maior risco genômico, a IA mostrou uma redução de 17% nas metástases e 8% na mortalidade com a intensificação terapêutica. Já os pacientes de baixo risco não tiveram benefício relevante, o que abre a possibilidade de evitar tratamentos excessivos.
Comentário clínico: embora promissora, a ferramenta ainda precisa de maior transparência e validação antes de ser incorporada à prática diária.
3. Terapias Alvo para Pacientes com Alterações Genéticas
O estudo Amplitude investigou o uso do PARP inibidor niraparibe, associado a abiraterona e ADT, em pacientes com mutações nos genes de reparo do DNA, como BRCA1/2.
Os resultados mostraram uma redução de 48% no risco de progressão da doença entre os pacientes com mutações BRCA. Embora 75% tenham apresentado efeitos colaterais grau 3 (como anemia e hipertensão), os benefícios superam os riscos nesse subgrupo.
Perspectiva futura: a identificação de mutações genéticas deve se tornar um passo obrigatório no planejamento terapêutico.
4. Radioligantes como Alternativa à Castração Química
O estudo Bullseye Trial avaliou o Lutécio-PSMA em pacientes com até 5 lesões metastáticas visíveis no PET-PSMA e sem bloqueio hormonal.
O destaque ficou por conta dos 90% de resposta de PSA e 25% de resposta completa sem uso de hormonioterapia. No entanto, há críticas à ausência de um braço comparador com tratamento convencional.
Conclusão cuidadosa: pode representar uma nova via terapêutica com menos efeitos colaterais, mas ainda exige mais estudos antes de se tornar padrão.
5. Custo e Acesso: A Redução da Dose de Abiraterona
Um estudo indiano comparou o uso da abiraterona em dose reduzida (250 mg com comida) com a dose padrão de 1g. Os resultados mostraram eficácia equivalente com a metade do custo, sem aumento de efeitos colaterais.
Impacto no Brasil: esta pode ser uma alternativa viável para pacientes no SUS ou com acesso limitado a medicamentos de alto custo.
6. Carcinoma de Bexiga: Onde a Pesquisa Avança?
Duas frentes se destacaram:
O estudo ANZUP, que testou BCG + mitomicina em pacientes com câncer de bexiga não invasivo, não mostrou benefício adicional em comparação ao BCG isolado.
O estudo NIAGARA revelou que a presença ou desaparecimento de ctDNA (DNA tumoral no sangue) após quimioterapia indica chance de recidiva. Ainda não muda a conduta, mas pode no futuro.
O que vimos no ASCO 2025 foi um alerta positivo: estamos diante de uma nova era na uro-oncologia. Uma era em que tratamentos personalizados, guiados por exames genéticos, inteligência artificial e exames minimamente invasivos, oferecem mais precisão e menos toxicidade.
Mas também fica a lição: nem toda novidade está pronta para virar rotina. A avaliação crítica, o bom senso clínico e a adaptação à realidade brasileira continuam sendo fundamentais para garantir o melhor cuidado possível.
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Dr. Bruno Benigno | Urologista | CRM SP 126265 | RQE 60022
Equipe da Clínica Uro Onco - São Paulo - SP
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