Revolução no Tratamento do Câncer de Bexiga

Dr. Bruno Benigno
7 de jun.
4 min de leitura

Atualizado: há 7 dias

No mundo da oncologia urológica, poucos temas evoluíram tanto e tão rapidamente quanto o tratamento do câncer de bexiga. Em uma análise profunda e embasada nos mais recentes estudos internacionais, o Dr. Bruno Benigno — referência nacional em uro-oncologia — traça um panorama dos avanços que estão transformando a maneira como diagnosticamos, tratamos e acompanhamos essa doença complexa. Da ressecção endoscópica às terapias gênicas de última geração, passando por inteligência artificial, biomarcadores e estratégias de preservação vesical, este artigo é um guia essencial para pacientes informados e profissionais em busca de excelência.

Revolução no Tratamento do Câncer de Bexiga: O que Você Precisa Saber Agora

Por Dr. Bruno Benigno | Urologista especialista em oncologia e cirurgia robótica

O câncer de bexiga, frequentemente negligenciado nas discussões sobre oncologia, está no epicentro de uma transformação tecnológica e terapêutica sem precedentes. Com novas técnicas cirúrgicas, terapias intravesicais inovadoras e estratégias de medicina personalizada ganhando força, pacientes e médicos têm agora opções muito mais eficazes, seguras e preservadoras de qualidade de vida.

O Novo Padrão de Ouro: A Importância da RTU de Alta Qualidade

A ressecção transuretral da bexiga (RTU), por muito tempo vista como um procedimento simples e “de rotina”, foi ressignificada. Estudos mostram que o uso de checklists operatórios com critérios objetivos — como a presença de músculo detrusor na amostra, documentação fotográfica e uso precoce de mitomicina — reduzem a taxa de recorrência em até 28%.

“Um procedimento técnico bem executado na fase inicial pode definir todo o prognóstico do paciente. Não estamos mais falando de uma cirurgia simples, mas de uma etapa estratégica”, explica Dr. Benigno.

Tecnologia a Serviço da Detecção: Imagem Aprimorada e Inteligência Artificial

A utilização de luz azul (blue light) e Narrow Band Imaging melhora significativamente a detecção de lesões planas como o carcinoma in situ. Essas tecnologias já são recomendadas por diretrizes americanas e europeias, embora ainda enfrentem barreiras de acesso no Brasil.

No campo da patologia digital, algoritmos de inteligência artificial já conseguem predizer com alta acurácia quem responderá melhor ao BCG ou à Gemcitabina, otimizando o início do tratamento.

Alternativas ao BCG: Da Terapia Gênica ao “Pretzel” de Gemcitabina

Com a escassez global de BCG e a taxa de resistência próxima a 40%, surgiram opções altamente promissoras:

Nadoferagene firalimogene (Adstiladrin): terapia gênica intravesical com 54% de resposta completa em 3 meses.
Crestostimogene Grenadenorepvec: vírus oncolítico com 82% de resposta completa quando combinado ao Pembrolizumabe.
TAR-200: dispositivo em forma de “pretzel” que libera gemcitabina de forma sustentada por até 7 dias. Desenvolvido no MIT, ele praticamente elimina efeitos sistêmicos.

Essas estratégias já mostram resultados superiores à monoterapia com BCG e podem evitar, em muitos casos, a necessidade de cistectomia radical.

Cistectomia: Ainda Necessária, Mas Muito Mais Seletiva

Mesmo com os avanços, a cirurgia de remoção da bexiga ainda tem papel central nos casos músculo-invasivos e refratários. No entanto, evidências mostram que cistectomias realizadas de forma precoce e com critérios rigorosos oferecem sobrevida superior (até 85%) em comparação àquelas realizadas tardiamente.

“A cirurgia bem indicada salva vidas, mas precisa ser criteriosa. O supertratamento pode ser tão prejudicial quanto a negligência terapêutica”, alerta Dr. Benigno.

Medicina Personalizada: Biomarcadores e Decisões Baseadas em Perfil Molecular

Os testes para FGFR3, PD-L1, HER2 e Nectina-4 ganham protagonismo na definição de terapias-alvo e imunoterapias. Já é possível oferecer tratamentos sob medida com base no perfil genético do tumor, uma abordagem que representa o futuro — já presente — da uro-oncologia.

Enfortumabe Vedotina + Pembrolizumabe: A Combinação Mais Promissora da Década

Para a doença metastática, a combinação Enfortumabe Vedotina (anti-Nectina-4) com Pembrolizumabe demonstrou uma mediana de sobrevida global de 31,5 meses, praticamente dobrando os resultados da quimioterapia tradicional. A terapia já figura como padrão preferencial nas diretrizes internacionais.

Conclusão: Uma Nova Era para o Paciente com Câncer de Bexiga

O tratamento do câncer de bexiga vive um momento de inflexão. A era da medicina individualizada, baseada em dados e guiada por inteligência artificial e inovação tecnológica, já é realidade. Cabe aos profissionais de saúde estarem preparados para oferecer o melhor — e aos pacientes, buscar centros com expertise comprovada.

Dr. Bruno Benigno é mestre em oncologia, especialista em cirurgia robótica e referência nacional no tratamento de cânceres urológicos. Atua no Hospital Alemão Oswaldo Cruz e lidera a Clínica Uro Onco em São Paulo.

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Dr. Bruno Benigno | Urologista | CRM SP 126265 | RQE 60022

Equipe da Clínica Uro Onco - São Paulo - SP